Sobre a reabertura das escolas

 

Há mais de um ano o distanciamento social passou a fazer parte das nossas vidas. Com todas as suas implicações, desde a falta de contato com outros até a queda da economia e seus efeitos no desemprego, na fome, o distanciamento social tem tido efeitos na saúde mental da população. Vemos esses efeitos na ansiedade dos adultos, no medo de sair, e, mesmo, naqueles que saem sem os cuidados básicos.

Quando nos voltamos para a infância e a adolescência o quadro não é diferente. Não encontrar os amigos, conviver apenas com a família, estar apenas dentro de casa prejudica muito o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes em diferentes frentes: nas habilidades corporais, nas capacidades cognitivas, na relação com os outros e, mesmo, em um país tão desigual, na nutrição do corpo.

A saúde mental das crianças, dos adolescentes, dos professores e funcionários das escolas precisa ser levada em conta quando pensamos em reabrir ou não as escolas. Se o fechamento causa os sofrimentos que já apontamos e tantos outros, a reabertura sem os devidos cuidados gerará outros tantos: como dar aula com medo de se contaminar, de voltar para casa e contaminar a família? Como conviver com as perdas de professores, merendeiras, colegas, amigos que poderiam ser evitadas?

Concordamos, portanto, que o fechamento das escolas é um prejuízo para as gerações futuras. Por isso, dizemos que a educação deve ser tratada como serviço essencial e, como tal, receber todos os aportes que lhe cabem. As escolas precisam ter, em todas as salas que forem ocupadas, ventilação e distância adequada, banheiros aptos ao uso, testes, máscaras pff2 e vacinação para todos os funcionários. Esses itens são indispensáveis e, além deles, é preciso haver um protocolo especificando o número máximo de pessoas por sala e por escola, horários escalonados de entrada, saída e intervalos, entre uma série de outros protocolos que devem ser elaborados pelas autoridades em diálogo com professores e diretores das escolas.

O retorno às escolas é, de fato, essencial para as crianças, os adolescentes e os professores e, portanto, deve ser tratado com todos os cuidados que a vida de todos os cidadãos brasileiros exige.

Equipe do Centro Lydia Coriat