De que maneira, os pais e outros cuidadores, podem apresentar a pandemia às crianças? – Silvia Eugenia Molina

Novamente fez-se necessário retomar o resguardo sanitário rigoroso, circunstância que potencializa a angústia nos adultos. Vivência afetiva que não tem como não se expandir para os filhos.

Portanto, a nossa equipe do Centro Lydia Coriat considerou necessário aportar aos pais e outros cuidadores de bebês, pequenas crianças e crianças, algumas considerações para contribuir no entendimento das diversas maneiras de proporcionar o amparo (em relação à esta pandemia) que os filhos precisam.

Acolhida que adquirirá características diferentes segundo o momento da organização da subjetividade pela qual eles estejam transitando:

Por que será que os BEBÊS precisam da transmissão da calma da mãe durante os encontros e reencontros cotidianos?…porque disto dependerá que eles consigam sentir que o mundo que estão começando a habitar conserva estabilidade, apesar das alterações que, também, formam parte dele. Sentimento de calma que o pai, por sua vez, precisará transmitir para sua mulher, apesar das suas preocupações, estado de ânimo surgido nele a partir da comprovação de que é possível encontrar soluções até nas situações mais problemáticas, quando isto conforma sua maneira de ser e de estar no mundo. Oferecendo-lhes assim, ao filho e à mãe, o respaldo da proteção imprescindível para que o sentimento de confiança se instale na estruturação psíquica do bebê.

E de que modo é possível indicar o sentimento de fé, de segurança, de crédito no futuro, necessário as PEQUENAS CRIANÇAS? Elas entraram nesta posição a partir de terem superado a crença, sustentada na ilusão inicialmente necessária, de que tudo dependia da mamãe, conseguindo, aos poucos, depositar o mesmo estilo de confiança no outro personagem significativo dentro da família: seu pai.

Essa passagem de TRANSFERÊNCIA de confiança que marcará a primeira experiência irá pré-anunciando que ninguém consegue ser dono de um conhecimento absoluto. Anúncio fundamental a sua constituição subjetiva.

E o que acontece com as CRIANÇAS? Pois, elas saíram da época em que a única coisa que contava era a “segurança” atribuída por elas ao papai e à mamãe.  Portanto, a estas crianças, os pais precisam indicar que existem profissionais e trabalhadores que se ocupam em fazer funcionar aquilo que na comunidade precisa funcionar.

Em relação ao momento atual, os pais devem indicar as crianças que os trabalhadores da saúde estão estudando e trabalhando para nos informar, a maneira MAIS EFICAZ POSSÍVEL de nos cuidarmos e, assim, protegermos. Além dos outros que estão trabalhando para dar, o MELHOR ATENDIMENTO POSSÍVEL para os que adoecem.

Ou seja, o importante é transmitir-lhes que ninguém tem a capacidade absoluta de proteção, porém que, na COMUNIDADE, é possível encontrar muitas pessoas que têm idoneidade para se ocupar dos diferentes aspectos que esta circunstância sanitária requer. Dessa forma, é fundamental para a saúde psíquica das crianças, crianças pequenas e bebês que os pais se sintam seguros, amparados (pela sua vez pelas autoridades governamentais e sanitárias) e instruídos para transmitirem aos filhos a tranquilidade necessária para enfrentar o momento.

 

Silvia Eugenia Molina

Psicóloga-Psicanalista. Especialista em Psicologia Clínica UFRGS; Fundador e membro da equipe clínica do Centro Lydia Coriat de PoA; Docente do Centro de Estudos Paulo Cesar D’Avila Brandão do Centro Lydia Coriat de PoA. Coordenador do Grupo de Estudos O Infantil e o Desenho, no seu XXIII ano de existência.